A jovem atleta paralímpica portuguesa, Beatriz Monteiro, de 18 anos, encerrou a sua participação nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 com mais um diploma olímpico, ao terminar em 5.º lugar no torneio de badminton SU5. Esta é a segunda vez que Beatriz conquista um diploma, após alcançar o mesmo feito nos Jogos de Tóquio 2020.
A caminhada de Beatriz Monteiro em Paris começou com um confronto difícil contra a indiana Thulasimathi Murugesan, número 1 do ranking mundial. No jogo de estreia, a atleta lusa acabou derrotada por 2-0, com parciais de 21-12 e 21-08, em um duelo onde encontrou dificuldades para superar a adversária. Esse resultado aumentou a pressão para o segundo jogo, que se tornaria decisivo para a sua continuidade no torneio.
No segundo jogo, realizado contra a italiana Rosa de Marco, Beatriz mostrou resiliência e determinação. Num confronto muito disputado, a portuguesa saiu vitoriosa por 2-0 (21-14, 21-11), garantindo assim a passagem para os quartos de final. O jogo, que durou 37 minutos, foi marcado por longas trocas de pontos, nas quais Beatriz conseguiu impor o seu ritmo, sendo apoiada fervorosamente pelo público presente na Arena Porte de La Chapelle.
Beatriz descreveu a partida contra Rosa de Marco como equilibrada, destacando a importância de vencer as jogadas mais longas, o que lhe permitiu assegurar o resultado positivo. Satisfeita com o seu desempenho, afirmou “se der para mais, vamos à luta”. A atleta festejou emocionada apontando para o braço esquerdo, símbolo da sua resiliência e superação.
Nos quartos de final, Beatriz Monteiro defrontou a dinamarquesa Catherine Rosengren, terceira cabeça de série, em uma partida que se revelou desafiadora. Beatriz Monteiro liderou o primeiro set até a reta final, mas acabou por ceder por 19-21. No segundo set, a experiência e a consistência de Rosengren prevaleceram, e a dinamarquesa venceu por 21-10, colocando fim à participação de Beatriz Monteiro no torneio.
Apesar da eliminação, a atleta termina assim a sua segunda participação em Jogos Paralímpicos na quinta posição, tal como em Tóquio. Beatriz Monteiro, que treina diariamente no Centro de Alto Rendimento de Badminton, em Caldas da Rainha, integrada no PAAR – Programa de Apoio ao Alto Rendimento, volta a casa com mais uma importante experiência internacional. O diploma conquistado em Paris consolida a sua posição como uma das principais atletas do badminton paralímpico e reflete o seu contínuo crescimento na modalidade.
Diogo Silva, Selecionador Nacional, comentou o desempenho da atleta: “Terminamos esta experiência satisfeitos, mas convictos de que temos valor para chegar mais longe. A Beatriz mostrou o seu nível, mostrou que tem capacidade para disputar partidas contra quaisquer adversárias e tem bem identificado o que tem de trabalhar para conseguir derrotar as adversárias mais fortes. Cabe-lhe continuar a trabalhar para tentar voltar a dar mais alegrias aos portugueses em Los Angeles 2028 e em todos os grandes eventos que estarão nesse ciclo paralímpico. Mas por agora, celebremos este feito histórico que é a obtenção de mais um diploma paralímpico.”
Beatriz Monteiro também expressou a sua satisfação com o resultado: “Estou muito satisfeita com o resultado alcançado. Segundo diploma conquistado para a nossa modalidade e não poderia estar mais orgulhosa, apesar de ter ficado com um sabor agridoce após ter perdido os quartos de final para a atleta dinamarquesa. Um agradecimento muito especial ao Comité Paralímpico de Portugal, à Federação Portuguesa de Badminton e aos meus treinadores pelo trabalho incansável e por me terem ajudado a conquistar este 5.º lugar. Aproveito ainda para agradecer aos meus colegas de treino, que todos os dias puxam por mim e me ajudam nesta caminhada, e, claro, ao incansável público que me apoiou na Porte de la Chapelle e a todos os que ao longo destes dias me mimaram com mensagens de apoio e encorajamento.”
O para badminton em Portugal deu os seus primeiros passos significativos em 2018, quando os atletas Diogo Daniel e Beatriz Monteiro foram classificados internacionalmente, marcando um momento histórico para a modalidade no país. Esse marco representou o início de uma nova era para o badminton adaptado em Portugal, criando a base para o crescimento e a visibilidade do desporto a nível nacional e internacional. Apenas três anos após essa conquista inicial, Portugal conseguiu um feito notável: Beatriz Monteiro qualificou-se para os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, onde não só representou o país, mas também trouxe para casa um diploma paralímpico, o primeiro da história do badminton nacional, tanto em Jogos Olímpicos quanto Paralímpicos. Em Paris 2024, Beatriz Monteiro continuou a elevar o nome de Portugal no cenário internacional ao conquistar um novo diploma paralímpico, reafirmando o seu lugar entre as melhores atletas do mundo na sua classe.
O sucesso de Beatriz Monteiro, de Diogo Daniel (reforçado com medalhas em campeonatos da Europa) e de outros atletas é um sinal encorajador, mas também um lembrete da necessidade contínua de investimento no desporto adaptado. Desde 2018, Portugal classificou sete atletas classificados em diferentes classes de para badminton, um reflexo do crescimento da modalidade. Um crescimento, não apenas numérico, mas também qualitativo, evidenciando um fortalecimento das estruturas de treino, apoio e competição que têm permitido aos atletas portugueses competir com sucesso contra adversários de renome mundial.
A Federação Portuguesa de Badminton enfrenta agora o desafio e a responsabilidade de intensificar os seus esforços, desenvolvendo programas de apoio ao alto rendimento, expandindo as oportunidades de treino e competição, e promovendo o para badminton em todo o país.
Fotografias @Paralimpicos | António Borga
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