Portugal brilhou na estreia do Para badminton em Jogos Paralímpicos. Tóquio foi palco da primeira aparição da nossa modalidade no maior certame desportivo do mundo e o badminton nacional deixa, desde logo, uma marca indelével e memorável. Beatriz Monteiro, a atleta mais nova em competição no Para badminton e também a benjamim da delegação nacional, destacou-se ao terminar o certame como a melhor atleta europeia na prova de singulares femininos da classe SU5 conquistando um fantástico 5.º lugar que lhe permitiu a obtenção de um Diploma Paralímpico.
Beatriz Monteiro apresentou-se em prova depois de um intenso mês de preparação com o selecionador nacional Diogo Silva: uma semana de estágio no CAR Badminton, à que se seguiram dez dias de treinos e aclimatação no Centro de Estágios de Fujisawa e, por fim, mais uma semana de trabalho já na cidade sede dos Jogos Paralímpicos antes de entrar em ação. Um período de trabalho de extrema dureza, mas sempre com a dedicação e ambição de quem queria fazer história pelo seu país.
O sorteio da fase de grupos ditou que Beatriz Monteiro, 10ª do ranking mundial, tivesse de defrontar duas atletas mais bem colocadas na referida classificação, a campeã mundial em título Yang Qiuxia (China) e a neerlandesa Megan Hollander (6ª classificada do Ranking Mundial); às quais se juntou a ugandesa Ritah Asiimwe. A passagem à fase seguinte estava destinada às duas primeiras posicionadas neste grupo.
Beatriz iniciou a sua participação com o duelo que se sabia ser o decisivo para as esperanças de apuramento, defrontando Megan Hollander, contra a qual tinha um saldo negativo no confronto direto. No entanto, à sua imagem, Beatriz Monteiro não se fez rogada e transformou os seus nervos numa exibição de garra e luta que desarmaram completamente a sua adversária e que resultou num desfecho emocional com a jovem portuguesa a deixar à vista de todos o significado daquela vitória, naquele momento, naquele palco. Seguiu-se o encontro com a campeã do mundo, Yang Qiuxia, que Beatriz viria a perder tendo conseguido espaço para mostrar um pouco do seu talento. Na derradeira ronda da fase de grupos, a portuguesa venceu naturalmente a atleta do Uganda, num encontro onde ficou patente o respeito e desportivismo das duas atletas.
O sorteio dos quartos de final ditou um encontro com uma atleta da casa, a experiente Akiko Sugino. Esperava-se um encontro duríssimo e confirmou-se o prognóstico. A atleta japonesa entrou muito forte no primeiro jogo da partida, controlando o ritmo de jogo e não permitindo veleidades a Beatriz. O intervalo entre o primeiro e segundo jogo foi profícuo para a portuguesa que conseguiu solucionar alguns dos desafios que a adversária lhe vinha colocando, mas na segunda metade deste set, Sugino aumentou ainda mais a velocidade de jogo e com uma paleta variada de opções táticas distanciou-se novamente, terminando com a honrosa caminhada de Beatriz Monteiro.
O para badminton em Portugal viu os seus primeiros dois atletas serem classificados em 2018 e apenas três anos depois desse momento ímpar para Diogo Daniel e Beatriz Monteiro, conseguiu-se o apuramento de um deles para os Jogos Paralímpicos. Com apenas 15 anos, Beatriz foi escolhida para ser uma das Porta-Estandarte da Missão Portuguesa em Tóquio e retribuiu essa confiança da Chefia de Missão do Comité Paralímpico de Portugal com uma prestação que a todos deixou orgulhosos, terminando em quinto lugar, como a melhor atleta europeia da sua prova e classe, e com o primeiro diploma da história do badminton nacional em Jogos Olímpicos ou Paralímpicos.
O culminar de um longo percurso, repleto de momentos de superação, e que refletem o crescimento do Para badminton em Portugal. Paris 2024 já aparece no raio de visão e o sonho de aumentar ainda mais a representatividade do Para badminton Português só agora começou.
📸 CPP/Carlos Alberto Matos